'O agente secreto' inicia campanha ao Oscar com Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura: 'Acho do c...'
Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura comentam campanha para Oscar de 'O agente secreto' União de dois dos maiores nomes do cinema brasileiro dos últimos anos...
Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura comentam campanha para Oscar de 'O agente secreto' União de dois dos maiores nomes do cinema brasileiro dos últimos anos, "O agente secreto" estreia finalmente no país nesta quinta-feira (6) prestes a dar o pontapé inicial – e, de certa forma, oficial – à sua campanha ao Oscar 2026. g1 já viu: 'O agente secreto' debate relação do Brasil com a própria história recente com humor e charme Para isso, conta com a força do diretor Kleber Mendonça Filho ("Bacurau") e do ator Wagner Moura ("Guerra Civil"), que devem começar uma maratona de viagens pelos Estados Unidos e outros países com membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. "Eu acho do caralho que a gente vai estar junto viajando, tirando onda e falando mal de gente. Falando bem de gente também. Eu acho delicioso", brinca o diretor. "Mais do que nunca a gente está fazendo uma campanha para divulgar e fazer com que esse filme seja mais visto. Quase que como diplomatas apresentando um produto cultural que é do Brasil, que é brasileiro." No roteiro escrito pelo cineasta, Moura interpreta um homem que retorna para sua cidade natal nos anos 1970 para fugir de um passado misterioso e violento. Escolhido como candidato brasileiro a uma indicação ao Oscar de melhor filme internacional, "O agente secreto" é a grande esperança de uma segunda estatueta seguida para o país. A primeira, é claro, veio em março com a vitória de "Ainda estou aqui" – com quem a produção divide a ambientação durante a ditadura militar. As expectativas, que já eram grandes pela simples parceria do cineasta pernambucano e do astro baiano, cresceram consideravelmente depois dos inúmeros elogios recebidos no Festival de Cannes, em maio – e dos prêmios do júri do evento para a atuação de Moura e para a direção. Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura durante a filmagem de 'O agente secreto' Laura Castor/Divulgação Se depender das previsões da maioria esmagadora dos especialistas da imprensa americana, a indicação para a produção brasileira é certa. O ano, no entanto, promete uma competição fortíssima na categoria, que também deve contar com o norueguês "Valor sentimental", o francês "Foi apenas um acidente" e o sul-coreano "Eojjeolsuga eobsda" ("No other choice", em inglês, ainda sem título no Brasil). "Eu acho que tem muito filme forte. 'O agente secreto' é um desses filmes muito fortes. Eu digo isso não porque eu fiz o filme, mas porque eu estou acompanhando o filme desde Cannes e a reação ao filme tem sido sempre muito forte por onde ele passa", afirma Mendonça Filho em entrevista ao g1. "Não só a premiação em Cannes, mas de estar em listas desde o início, em maio, e a gente estava em campanha sem nem saber que já estava em campanha no mês de maio." As chances do filme, no entanto, não precisam parar por aí. Para muitos, Moura deve aparecer na categoria de melhor ator. E ainda há quem veja "O agente secreto" na categoria principal. Ítalo Martins, Robério Diógenes, Wagner Moura e Igor de Araújo em cena de 'O agente secreto' Divulgação Ditadura no Oscar Depois do sucesso de "Ainda estou aqui" no Oscar 2025, novos filmes que retratam governos autoritários devem ser destaque na próxima edição da premiação. O americano "Uma batalha após a outra" é um dos favoritos à categoria principal com Leonardo DiCaprio como um ex-revolucionário em uma versão fictícia de um Estados Unidos fascista. Já o diretor iraniano Jafar Panahi, que já foi preso e censurado pelo governo de seu país, conta a história de um grupo que confronta um possível torturador – após gravar seu filme escondido, sem autorização do regime. "Eu acho que a relação do cinema com a realidade próxima, política e social, é uma combinação que tem muito tempo. Ela faz parte da cultura. Se voltar para os anos 1970 e 1980, em Hollywood, os filmes que abordaram a Guerra do Vietnã de formas completamente distintas são prova disso", diz o diretor. "Você vai de 'O franco atirador' (1978), a 'Nascido para matar' (1987), do (Stanley) Kubrick, 'Apocalypse Now' (1979) são filmes completamente distintos, mas que falam de uma ferida sangrando ainda na sociedade americana. E falar do Brasil e da história do Brasil para mim é feito bacon e ovos. Não tem muito o que pensar. É natural." Hermila Guedes, Licínio Januário, Wagner Moura, João Vitor Silva e Isabél Zuaa em cena de 'O agente secreto' Divulgação 'Uma marca do nosso cinema' Para Mendonça Filho, que fez a transição de crítico de cinema para cineasta e desde então dirigiu filmes celebrados como "O som ao redor" (2012) e "Aquarius" (2016), "O agente secreto" tem o interesse em discutir a relação complicada do país com seu passado autoritário. "Eu acho que o Brasil tem um problema com a sua memória. O brasileiro é muito positivo, né. De uma maneira um pouco católica, um pouco de toda essa mistura que a gente é. Mas o brasileiro tende a: 'Ah, não. Não vamos falar disso, não. É meio chato. Bola para frente. Vamos virar a página'", afirma ele. "No entanto, o cinema brasileiro sempre falou do Brasil. Eu estou tentando ler cada vez mais sobre os primeiros filmes. Os primeiros filmes brasileiros, ainda no início do século 20, eram filmes documentários que iam várias pessoas com câmeras tentando dar conta da realidade em várias latitudes do Brasil", completa Moura. "Essa é uma marca do nosso cinema. A gente sempre fala do Cinema Novo e o Cinema Novo tem isso. E eu acho que antes mesmo e depois. E depois. Acho que somos todos de alguma forma herdeiros disso."